Avaliação e descrição da oralidade narrativa na escola primária: o que as produções dos alunos nos dizem sobre os efeitos das sequências didáticas.

Abstract

As dificuldades relacionadas ao ensino da oralidade podem ser parcialmente explicadas pela falta de critérios de avaliação bem definidos (NONNON, 1999, 2016) e pela existência de modelos imprecisos (GAGNON, BOURHIS & BOURDAGES, 2019). Com o suporte de um instrumento de avaliação da oralidade narrativa, nós analisamos um corpus de narrativas orais espontâneas realizadas por 32 alunos entre 6 e 10 anos em dois momentos: um, antes da apresentação de uma sequência didática sobre o conto, e um, depois. Análises quantitativas e qualitativas foram efetuadas com o objetivo de responder aos objetivos da pesquisa: descrever as narrativas e verificar se os critérios utilizados atestam variações tanto no nível interindividual quanto no nível de progresso individual, o que pode ser interpretado como sinais de sua eficácia para o ensino e para a pesquisa. As histórias produzidas após a sequência didática são mais longas e apresentam uma melhor construção narrativa, mas o vocabulário não é mais rico, nem as estruturas gramaticais são mais complexas do que naquelas produzidas antes da sequência didática. Nossas análises qualitativas incluem cruzamentos entre as dimensões narrativas e linguísticas, e sugerem a presença de perfis de contadores de contos. Os resultados permitem elaborar recomendações quanto aos objetivos de aprendizagem e à organização do ensino da oralidade no primário.

The difficulties associated with oral narrative teaching intervention can be explained in part by the lack of well-defined criteria for its assessment (Nonnon, 1999, 2016) and by rather vague progression standards (GAGNON, BOURHIS & BOURDAGES, 2019). Using an oral narrative assessment grid that takes up the constituent dimensions of oral production in elementary school students, we analyzed a corpus of spontaneous oral narrations of 32 students aged 6 to 10, taken at two points in time: one before a didactic intervention on storytelling, and the other after. Quantitative and qualitative analyses were conducted to meet the research objectives: describe the stories obtained and verify whether the grid used shows inter-individual variations and progress, which could be interpreted as signs of its effectiveness for teaching and research.The post-intervention productions were found to be longer and better constructed narratively, although no increase in vocabulary or grammatical structure was observed. Our qualitative analyses show the intersection of narrative and linguistic dimensions, suggesting the presence of storytelling profiles. The results allow us to develop some recommendations on the organization of oral language teaching in primary school.